domingo, 7 de dezembro de 2014

Ita Portugal

Foto: "Não quero mudar o mundo, mas alguns clichês típicos do final do ano, ainda fazem a minha cabeça. Continuo prometendo ser feliz para sempre, embora o meu eterno, desde que me conheço dura apenas um temporal. Acho que a indenização para a felicidade me faz parir um bocado de promessas, que viram desejos, que viram sonhos, que acabam em ilusões. Mas isso não quer dizer que eu vou parar. Tenho uma relação intima, próxima demais com a imaginação e ela é tão fértil que me faz prometer:
- Iniciar o ano sem pensar no aumento de nada. Isso vale para o combustível, o peso, as preocupações, as despesas, fruto do exagero de gastos na euforia natalina;
- Iniciar definitivamente academia e não desistir até o último dia do ano;
- Juntar dinheiro para aquela sonhada viagem;
- Cuidar mais da saúde;
- Terminar de ler todos os livros que ficaram com as páginas dobradas em 2014;
- Ser feliz. É certo que deveria estar em primeiro lugar, mas fiquei com dúvida se isso não seria um remake da lista passada;
- Assumir meus entulhos e com isso, aceitar a análise como solução sofrida e divertida, afinal tenho a possibilidade de conhecer os bichos que se escondem atrás de cada loucura pessoal;
- Participar corajosamente de todos os protestos em favor de um lugar mais justo;
- Falar o que tem vontade e na sequência, escrever o que der na telha;
- Voltar a tomar banho de chuva;
- Trabalhar menos;
- Rir mais;
- Esquecer o relógio, mesmo sabendo que o tempo não para;
- Aprender mais rápido sem precisar bater tanto a cabeça;
- Chutar o pau da barraca sem machucar os dedos;
- Deixar pra lá a opinião dos outros;
- Aposentar a doçura disfarçada da boa moça e exagerar na autenticidade, sem contudo ser rançosa;
- Encarar o dentista;
- Ficar bêbada de felicidade com as pequenas coisas;
- Desistir do príncipe;
- Aprender a cantar fora do chuveiro;
- Sobreviver às críticas sem perder o sono;
- Acreditar na sorte, mas batalhar pra isso;
- Superar o pavor irracional da morte, porque ela é certa;
- Fazer economia nem que seja das possíveis cabeçadas;
- Dar aval aos meus desejos, sem sentir culpa por isso;
- Acreditar que o mundo me pertence, mesmo devendo algumas prestações dessa aquisição;
- Escancarar a alma para manter os sonhos respirando;
- Aprender a assobiar a minha música predileta;
- Tomar um porre, sem medo da insanidade de tirar a roupa;
- Arrumar um tempo para admirar a paisagem;
- Respirar fundo para ver se isso inibe as reclamações desnecessárias;
- Continuar desacreditando nas empresas de telefonias, e por falar nisso, permanecer mais tempo com o celular desligado;
- Criar coragem para dizer não, mesmo sendo para quem mais amo;
- Largar de ser besta e eu sei que dá trabalho, mas talvez funcione como antídoto para deixar de ser enganada;
- Lidar melhor com a minha habilidade de me isolar, sem sentir solidão;
- Deitar e rolar para a maldade alheia;
- Chorar apenas o necessário para superar as perdas;
- Cuidar mais dos filhos que já tive, encontrar inspiração para escrever um livro e regar as árvores que plantei;
- Amar sem intervalos para reclamar, sentir ciúmes, exigir, discutir, desconfiar. E já que prometo amar assim, prometo também me danar com isso. 
- Finalmente, fazer um esforço por tempo indeterminado para cumprir a lista. Caso não dê certo, esquecer os códigos, as regras, as rezas, promessas, mandingas, simpatias, os atributos dos bons, e quando não sobrar mais nada conseguir pelo menos perceber que a vida acontece mesmo sem o almejado final feliz da novela da TV." 󾌬

(Ita Portugal)
"Não quero mudar o mundo, mas alguns clichês típicos do final do ano, ainda fazem a minha cabeça. Continuo prometendo ser feliz para sempre, embora o meu eterno, desde que me conheço dura apenas um temporal. Acho que a indenização para a felicidade me faz parir um bocado de promessas, que viram desejos, que viram sonhos, que acabam em ilusões. Mas isso não quer dizer que eu vou parar. Tenho uma relação intima, próxima demais com a imaginação e ela é tão fértil que me faz prometer:
- Iniciar o ano sem pensar no aumento de nada. Isso vale para o combustível, o peso, as preocupações, as despesas, fruto do exagero de gastos na euforia natalina;
- Iniciar definitivamente academia e não desistir até o último dia do ano;
- Juntar dinheiro para aquela sonhada viagem;
- Cuidar mais da saúde;
- Terminar de ler todos os livros que ficaram com as páginas dobradas em 2014;
- Ser feliz. É certo que deveria estar em primeiro lugar, mas fiquei com dúvida se isso não seria um remake da lista passada;
- Assumir meus entulhos e com isso, aceitar a análise como solução sofrida e divertida, afinal tenho a possibilidade de conhecer os bichos que se escondem atrás de cada loucura pessoal;
- Participar corajosamente de todos os protestos em favor de um lugar mais justo;
- Falar o que tem vontade e na sequência, escrever o que der na telha;
- Voltar a tomar banho de chuva;
- Trabalhar menos;
- Rir mais;
- Esquecer o relógio, mesmo sabendo que o tempo não para;
- Aprender mais rápido sem precisar bater tanto a cabeça;
- Chutar o pau da barraca sem machucar os dedos;
- Deixar pra lá a opinião dos outros;
- Aposentar a doçura disfarçada da boa moça e exagerar na autenticidade, sem contudo ser rançosa;
- Encarar o dentista;
- Ficar bêbada de felicidade com as pequenas coisas;
- Desistir do príncipe;
- Aprender a cantar fora do chuveiro;
- Sobreviver às críticas sem perder o sono;
- Acreditar na sorte, mas batalhar pra isso;
- Superar o pavor irracional da morte, porque ela é certa;
- Fazer economia nem que seja das possíveis cabeçadas;
- Dar aval aos meus desejos, sem sentir culpa por isso;
- Acreditar que o mundo me pertence, mesmo devendo algumas prestações dessa aquisição;
- Escancarar a alma para manter os sonhos respirando;
- Aprender a assobiar a minha música predileta;
- Tomar um porre, sem medo da insanidade de tirar a roupa;
- Arrumar um tempo para admirar a paisagem;
- Respirar fundo para ver se isso inibe as reclamações desnecessárias;
- Continuar desacreditando nas empresas de telefonias, e por falar nisso, permanecer mais tempo com o celular desligado;
- Criar coragem para dizer não, mesmo sendo para quem mais amo;
- Largar de ser besta e eu sei que dá trabalho, mas talvez funcione como antídoto para deixar de ser enganada;
- Lidar melhor com a minha habilidade de me isolar, sem sentir solidão;
- Deitar e rolar para a maldade alheia;
- Chorar apenas o necessário para superar as perdas;
- Cuidar mais dos filhos que já tive, encontrar inspiração para escrever um livro e regar as árvores que plantei;
- Amar sem intervalos para reclamar, sentir ciúmes, exigir, discutir, desconfiar. E já que prometo amar assim, prometo também me danar com isso.
- Finalmente, fazer um esforço por tempo indeterminado para cumprir a lista. Caso não dê certo, esquecer os códigos, as regras, as rezas, promessas, mandingas, simpatias, os atributos dos bons, e quando não sobrar mais nada conseguir pelo menos perceber que a vida acontece mesmo sem o almejado final feliz da novela da TV."

(Ita Portugal)

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