terça-feira, 17 de julho de 2012

Trecho do Filme John Carter

 Foto: O guerreiro da luz nunca esquece o velho ditado: o bom cabrito não berra.

As injustiças acontecem. Todos são envolvidos por situações que não merecem – geralmente quando não podem se defender.

Nestas horas, o guerreiro fica em silêncio. Não gasta energia em palavras, porque elas não podem fazer nada; é melhor usar as forças para resistir, ter paciência, e saber que Alguém está olhando. Alguém que viu o sofrimento injusto, e não se conforma com isto.

Este Alguém dá ao guerreiro o que ele mais precisa: tempo. Cedo ou tarde, tudo voltará a trabalhar a seu favor.

Um guerreiro da luz é sábio; não comenta suas derrotas.

O guerreiro da luz não tem medo de parecer louco.

Ele fala em voz alta consigo mesmo, quando está sozinho. Alguém lhe ensinou que esta é a melhor maneira de se comunicar com os anjos, e ele arrisca o contato.

No começo, nota como é difícil; pensa que nada tem a dizer, que vai ficar repetindo bobagens sem sentido.

Mesmo assim, o guerreiro insiste. Todo dia conversa com seu coração: diz coisas com as quais não concorda, fala bobagens.

Um dia, percebe a mudança em sua voz, e entende que está canalizando uma sabedoria maior.

O guerreiro parece louco, mas isto é apenas um disfarce; ousou buscar junto a seu anjo as informações que precisava, conseguiu recebê-las.

O guerreiro da luz conhece o silêncio que antecipa o combate importante.

E este silêncio parece dizer: “as coisas pararam. É melhor divertir-se um pouco”.

Os combatentes sem experiência largam suas armas neste momento, e queixam-se do tédio.

O guerreiro está atento ao silêncio; em algum lugar, algo está acontecendo.

Ele sabe que os terremotos destruidores chegam sem aviso. Já caminhou por florestas durante a noite: quando os animais não fazem qualquer ruído, o perigo está próximo.

Enquanto os outros conversam, o guerreiro se adestra no manejo da espada, e presta atenção no horizonte.

O guerreiro da luz às vezes se comporta como água, e flui por entre os muitos obstáculos que encontra.

Em certos momentos, resistir significa ser destruído; então, ele se adapta às circunstâncias. Aceita, sem reclamar, que as pedras do caminho tracem seu rumo através das montanhas.

Nisto reside à força da água: ela jamais pode ser quebrada por um martelo, ou ferida por uma faca. A mais poderosa espada do mundo é incapaz de deixar uma cicatriz em sua superfície.

A água de um rio adapta-se ao caminho que é possível, sem esquecer do seu objetivo: o mar. Frágil em sua nascente, aos poucos vai ganhando a força dos outros rios que encontra.

E, a partir de determinado momento, seu poder é total.
Paulo Coelho —

"Um guerreiro pode trocar de armadura, mas não de coração.."

- Trecho do Filme John Carter

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